sábado, 20 de agosto de 2011

Travessia Anitápolis-Urubici




A muito tempo sonhava em alcançar o ponto mais alto de Santa Catarina o Morro da Boa Vista 1827msnm, situado no Campo dos Padres, divisa entre Urubici e Bom Retiro sobre o platô da Serra Geral uma imensa muralha de mais 600m de altura que se estende de Cambará do Sul a Alfredo Wagner.Passei alguns anos pesquisando sua localização e melhor aceso para se chegar até lá, fiz uma investida a Urubici e Morro da Igreja 1824msnm segundo ponto mais alto da Serra Catarinense de Bike descendo a Serra do Corvo Branco em direção a Tubarão mais isto é outra história, pesquisas na net e Google Earth descubro a trilha do índio em Santa Rosa de Lima que se acesa por Anitápolis e se alcança o Campo dos Padres ponto de partida para o Morro da Boa Vista,agora só falta um parceiro ou vou só.
Consegui vários relatos e comecei a mostrar e recrutar todos que conhecia mais todos no final arrumavam alguma desculpa tipo falta tempo,grana,equipo,entre outros; não me importo, com a chegada do inverno começo a agilizar a Trip minha namorada que está entrando na onda do montanhismo me diz que topa esta mais tinha pouco preparo,então primeiro vamos treinar,fizemos algumas caminhadas puxadas de subir e descer morro em Garopaba depois Pico do Tabuleiro e Cambirela,estamos prontos só falta alguns equipos que fomos adquirindo durante o treinamento e outras informações como carta topográfica e translados então marcamos para agosto e fomos montando melhor a Trip.
Com a chegada do Agosto começo a baixar as cartas pelo Google e ligar para as prefeituras de Anitápolis e Urubici onde fui muito bem atendido,em Anitápolis me passaram o telefone do seu Loreni que está começando uma Pousada(Encantos da Serra) na estrada da Serrinha que da aceso a Trilha dos Índios que me atendeu com muita gentileza e se prontificou em nos buscar na parada de ônibus até sua pousada e no dia seguinte nos levar ao pé da serra, agora só falta o tempo cooperar de olho no CPTEC, então aparece uma brecha de 3 dias começamos a armar as mochilas e avisar os parentes e amigos que estamos indo e todos dizem seus loucos está frio lá em cima com esta chuva,então digo que quero estar perto para podermos fazer o ataque conforme a previsão do tempo.
Então chega hora de partir,quarta feira dia 10 de agosto de 2011,está tudo pronto para partir não, meu companheiro de trabalho não quer me cobrir no dia do meu plantão então acordo cedo pego minha bike e vou correndo para a ACADEMIA PINGUIRITO dar aula de escaladas para as criança da escola Perfil e a Fran vai arrumar oque falta terminando a aula volto para casa então pegamos o Paulotur, das 11:30 rumo à Florianópolis distante 90km chegamos 13:30 vamos almoçar e comprar gás passamos no IBGE compramos a carta topográfica de Urubici e voltamos para o Terminal de Ônibus Rita Maria onde iremos pegar o ônibus das 15:00 em direção a Anitápolis,chegando lá seu Loreni nos aguardava com seu fusca de montanha onde nos levou até sua pousada distante 13km do centro que fica a meio caminho do imenso paredão da serra,sempre falando sobre turismo na região,chegando nos mostrou sua pousada e o que pretende desenvolver enquanto sua esposa nos prepara uma deliciosa janta, acompanhado de um bom vinho que ele disponibiliza para venda a Fran foi dormir e ficamos falando sobre turismo sustentável na região.
No dia seguinte dia 11 de agosto acordamos com um dia lindo e um delicioso café da manhã e seu Loreni diz que ele e sua esposa nos acompanharão até os campos de altitude, pois ela nunca havia estado lá, entramos no fusca com um pouco de dificuldade pois nossas mochilas estavam abarrotadas de equipos e alimentação para 5 dias apesar que pretendíamos passar somente 3 noites, mas em caso de algo der errado estamos preparado,rodamos mais 13km enquanto nos maravilhamos com a paisagem local fomos pouco a pouco nos aproximando da grande muralha da Serra Geral que é magnifica,chegando próximo desembarcamos, tiramos algumas fotos, mochilas nas costas seu Loreni nos oferece ajuda para carregar nossa mochilas mais não aceitamos, ele toma a frente e começa a nos guiar pela trilha dos índios acima rodeada de paredes e topos intocados pelo homem a maior vontade é de arrumar um parceiro e conquistar aquelas agulhas imensas é o único aceso aos campos de altitudes,depois de 3horas de caminhada interruptas alcançamos o Campo dos Padres com um sorriso na orelha, vamos subir mais um pouco mas o pessoal esta cansando então subo só, para poder me localizar no mapa enquanto eles vão fazer um lanche,sigo subindo e subindo até que acho que é o bastante para me orientar consigo avistar a nascente do Rio Canoas e a base do Boa Vista mais seu cume está coberto por uma forte nevoa que se aproxima com velocidade de nós, com um forte vento, desço correndo me sentindo como um cavalo selvagem em meio aquela imensidão,chegando até o grupo,despedimo-nos de seu Loreni e sua esposa e caminhamos em direção ao Canoas para descolar um bom lugar para montar acampamento atravessa charco e rios as botas já estão com mais água que o próprio canoas um desentendimento com a Fran deixo ela sentada em uma pedra e vou procurar um lugar protegido do vento e da nevoa,volto e digo e que encontrei e lugar mais ela quer ir mais além então deixamos as mochilas e fomos fazer um reconhecimento da área,voltamos fiz um lanche que não havia tido tempo ainda pegamos as mochilas e fomos buscar o lugar para acampar próximo ao Rio Canoas, um córrego com umas arvorezinhas com um gramado em baixo perfeito e protegido do vento então começo a montar acampamento enquanto a Fran faz uns vídeo e busca água para o café e fizemos uma comilança que não rolou nem janta,curtimos a lua que apareceu linda naquela noite e fomos dormir,acordamos cedo e um belo dia vem outra vez nos presentear sem vento e com muito sol preparamos o café ainda com um pouco de frio e nossa mochila de ataque com um pouco de comida roupas quentes,lanterna,manta térmica de emergência e garrafa de água para encher no canoas e fomos rumo ao norte em direção a beira dos perais para poder ver a vista de longe onde se pode ver ao longe a Serra do Tabuleiro, algumas fotos e continuamos caminhando pela borda sobe e desce morro até avistar o Morro da Boa Vista e do Chapéu,avistamos uma crista que se pode acessar o topo do Boa Vista descemos de onde estamos, passamos por um colo, então chegamos a crista onde podemos ver melhor o Morro do Chapéu e o Rio dos Bugres que nasce em sua base, mais fotos partimos para o objetivo do dia o topo do Boa Vista, caminhamos mais uma hora e alcançamos seu topo chapado e encharcado, acredito que seja devido as nevascas da semana passada,apreciamos a vista fotos e resolvemos descer pelo outro lado em direção ao nosso acampamento e olhar o caminho que iremos pegar no outro dia, passamos o dia maravilhados com tanta beleza da região fazendo o que mais gostamos subindo e descendo morro e tirando fotos maravilhosas,mas está muito fácil, então quando avistamos o nosso acampamento nos deparamos com uma mata densa, que horror temos que atravessar isto e parece que o sol quer se esconder não podemos nos perder, pode vir nevoa, cair a noite e ficar preso no mato sabendo que nossa barraca está logo ali em baixo, a Fran teve uns chiliques enquanto eu apressava ela para sairmos logo dali em meia hora, varamos o mato e pegamos novamente o descampado e um mato mais com trilha e mais campos e o Rio Canoas está a nossa frente, UFA são e salvos, atravessamos e estamos em nossa humilde residência móvel chegamos tirando todas aquelas vestimentas úmidas e lameada e fomos lavar tudo inclusive nós, nas águas geladas do Canoas sem produtos químicos e que água maravilhosa parece até doce de tão pura, depois do banho fomos nos secar ao sol que ainda brilhava com intensidade sobre os campos, colocamos as roupas para secar e fomos fazer um café e descansar ao cair da noite tudo já estava limpo e seco para o outro dia,jantar de capelete ao molho de queijos a luz do luar e adormecemos junto com as montanhas.
No dia seguinte acordamos cedo água para aquecer para o café, desmonta acampamento arma as mochilas espiadinha no mapa e descemos o canoas até seu salto onde paramos para comer e se orientar e foi onde apareceu a grande dúvida, será que estivemos no Boa Vista mesmo parece ser aquele ali que vemos agora se estiver errado toda a logística também como iremos sair daqui estamos perdidos, calma Bruno, senta come algo, bebe água, olha os mapas, pede ajuda aos seus antepassados indígenas, que o sangue deles ainda corre em suas veias e acredita em si, toca para frente,vou bater a trilha só e me deparo com o cânion do canoas pronto não é aqui volto pego a Fran e começo a subir por uma trilha de tropeiros mais muito apagada e cheia de bifurcações árvores caídas,lamaçal e até mesmo Búfalos para minha surpresa,caminhamos sempre por bosques de araucárias que nos impedia de nos orientar, então foi quando eu avistei um monte descampado tirei a mochila e fui ver como era lá em cima enquanto a Fran preparava um lanche, pois ja passava do meio dia olhando lá de cima me senti um pouco perdido mais parecia que estava no caminho certo,lanchamos e fomos novamente em direção ao sul contornando morros em meio ao imenso bosque de araucárias pegamos algumas trilhas de bois que nos desviou do nosso caminho mais quando me deparava estar perdido, voltava tudo até me achar novamente, sobe morro cruza rios e cachoeiras nos deparamos com um rapaz que estava sapecando os morros para fazer pasto para o gado e nos falou que estávamos perto de nosso objetivo o Cânion do Espraiado cerca de 30minutos continuamos caminhando e caminhando até encontrar a estrada que leva ao morro das antenas, rumamos para o sul, largo a mochila e a Fran e vou olhar atrás de uma colina, não caminho muito e me deparo com aquele grande Cânion e me arrepio por inteiro mais ainda falta muito para alcançar a sua borda continuamos caminhando já passa das 15:00 da tarde e a Fran começa a ficar impaciente para montar o acampamento que estamos perdidos e vai cair a noite, vamos ficar preso neste matagal, eu quero acampar aqui então tenho que me apressar para sair dali e já estamos esgotados de caminhar o dia inteiro, então enfim conseguimos alcançar os campos que rodeiam o cânion,agora a preocupação é um lugar onde possamos armar a barraca que seja seco e protegido do vento, procurei e achei um em meio a alguns arbustos próximo da água, que beleza começamos armar acampamento e a bruma subia as paredes do cânion logo serrando tudo e começo a fazer tudo rápido até mesmo a lua vem nos dar uma espiada e logo a bruma a esconde novamente,a Fran prepara uma sopa de feijão quentinha e fomos dormir açoitados pelo vento forte daquela noite misturado com a nevoa que virou uma chuva fina, foi a noite mais longa de toda a travessia, passei quasse toda a noite em claro pensando como sair dali se continuava até o Corvo Branco ou voltava parte da trilha e ia em direção ao Rio Canoas; amanhã decido,acordamos com uma forte nevoa, engolimos algo desmontamos acampamento e partimos pela mesma trilha até alcançar a estrada novamente, foi o ambiente mais sinistro que já vi devido a umidade da nevoa nas árvores cheias de barbas de pau parecia neve depois que alcançamos a estrada que já fica do outro lado do morro, a nevoa estava mais calma e a Fran também que caminhava rápido, sabendo que estava no fim da Trip enquanto eu andava cada vez mais devagar para aproveitar cada minuto restante desta aventura apesar de faltar meio dia de caminhada,passamos pela reserva do Leão da Montanha que infelizmente não cruzou a frente das lentes da minha câmera, também encontramos dois pesquisadores que estão pesquisando sobre os dispersores da semente da araucária que segundo eles não é a Gralha e sim os roedores, continuamos caminhando e chegamos novamente ao Canoas e agora é só seguir em frente até a estrada que leva a Urubici ou ficar no Refugio Rio Canoas mais a vontade de voltar a civilização e comer algo em um restaurante e tomar um vinho era a minha maior vontade,depois de horas caminhamos os pesquisadores nos oferecem uma carona até o posto de gasolina no centro de Urubici dali a pouco já estamos na porta da Pousada Arco iris que fomos muito bem recebidos por Dona Leti, apesar da sujeira e de nossas enormes mochilas com simpatia nos levou até um quarto onde havia ficado na outra vez que estive lá, mais pedimos para trocar pois precisávamos de espaço para poder limpar e organizar a bagunça.
Depois do banho fomos tomar café em lugar que ela indicou o Canto do Sabiá a Fran já havia feito contato com eles pois pretendíamos morar lá, estávamos buscando lugar para trabalhar mais acabamos ficando por Garopaba,chegando lá achamos o lugar maravilhoso ambiente rustico com lareira uma boa carta de vinhos e um bom café e wrapp de chocolate era tudo que precisávamos no momento, conversando com o Sabiá descubro que já o conhecia de umas trips em Garopaba na época estava me preparando para ser Guia conversa vai conversa vem nos despedimos e fui mostrar a cidade para a Fran e decidimos jantar na Taberna mais estava fechada com a falta de ambientes culturais na cidade voltamos para o Canto do Sabiá onde bebemos vinho da região comi entrevero e a Fran wrapp de truta buscando conhecer e valorizar o produto oferecido pela região então caiu aquela chuva, pedimos um táxi mais o Sabiá gentilmente nos levou até a pousada onde adormecemos depois de entornar duas garrafas de saboroso vinho de altitude, mesmo assim acordamos cedo novamente tomamos café, calçamos nossa botas molhadas e saímos caminhando pela cidade com nassas roupas de treking e as pessoas nos olhavam como se fossemos alienígenas nos nem ai fomos até a secretaria de turismo onde fomos muito bem recebidos pelo Guia local, Iram que nos contou um pouco sobre a cidade pergunto onde estávamos indo e gentilmente no ofertou uma carona até a estrada que nos levaria a Cascata do Avencal com 100m de altura, fizemos algumas fotos e fomos expulsos com seu borrifos de água na volta encontramos um casal que estava indo até aqueda e na volta nos oferecem carona, mais preferimos caminhar pois pretendemos subir o Morro do Avencal para poder visitar as inscrições rupestres datas de 3000 anos atrás sua grande sensação é a máscara do guardião fotos, descemos o morro em direção ao centro passamos enfrente uma cafeteria e resolvemos entrar e tomar um café e pensar se vamos conhecer outro lugar mais nossos corpos não aguentam mais, então voltamos para a pousada no caminho encontramos o Iram que nos conta mais umas histórias e fomos descansar mais tarde fomos jantar no Urubici Park que nos ofereceu uma comida muquirana e fomos dormir.
Hora de partir vejo a previsão do tempo e da vontade de ficar, mais quarta tenho aula de escalada e não posso deixar os futuros escaladores de Garopaba na mão, tomamos café, pegamos o ônibus enfrente a pousada e nos despedimos da cidade rumo a Floripa curtido a bruma sobre os vales ao chegar a Rancho Queimado podemos ver o Pico do Tabuleiro onde haviamos passado uma noite em seu cume rodeado de nuvens, falo dele pois a próxima travessia será ali mais isto é outra história rumo a Floripa avistamos o Rio Cubatão a empresa de rafting da TDA do Keko avistamos também o Cambirela então chegamos a Florianópolis e fomos almoçar,aproveitando que estávamos na capital fomos vistar o Museu do Homem do Sambaqui onde fomos recebidos pelo Cide com muito conhecimento nos falou sobre arqueologia,geografia,geologia e outras coisas mais que podemos saber melhor sobre os lugares que andamos por Santa Catarina, de volta a Garopaba já era noite mais ainda tínhamos que lavar os equipos jantamos no Alca pone pizza do Cezar com cerveja dormir e ir dar aula na ACADEMIA PINGUIRITO voltar para casa e retomar os estudos e a vida que ainda estou pondo em ordem e somente hoje consigo escrever oque foi uma das grandes superação da minha vida sair de dentro do Campo dos Padres com a Fran são e salvos um lugar onde poucos se aventuram.

Agradeço com todo o meu coração a grande força que rege a terra que nos possibilitou esta grande aventura nos mantendo sempre consciente do que estávamos fazendo sem entrar em desespero,agradeço Acima de tudo a minha Mãe que mesmo sempre com medo me apoia em minhas aventuras, a Fran que me acompanhou nesta, a Briguite da Academia Pinquirito que me pagou por construir a parede de escaladas onde pude ter grana para financiar esta expedição, ao meu companheiro de trabalho Mauro Garcia,A Prefeitura de Anitápolis que sempre me atendeu gentilmente buscando responder minhas perguntas,ao Seu Loreni que nos levou até a trilha facilitando nosso aceso ao Campo dos Padres e a todos que aqui ficaram torcendo por nos e é claro acima de tudo a DEUS....


3 comentários:

Anônimo disse...

Mto show!!! Grande aventura!!!

Pelo relato da pra se imaginar nos lugares que vcs passaram!!!

ja fiz um rapel bem ao lado da Cascata do Avencal, foi alucinante!

Lindo lugar!!!

Forte abraço!!! God Bless!!!

NANDO.

Filipe Ronchi disse...

Poh animal a indiada ein.
Parabéns.
Na próxima vou me esforçar mais pra ir junto.

Abraço
Filipe

Cesáurio disse...

Fiz a travessia em grupo... Veja a reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=iN6YyalAnuA
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